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No dia de minha retirada, competia a vós que me dissésseis o que era passível de levar de seus aposentos de ofício. Passamos todas as quarenta horas semanais da vida nesta que chamam de segunda casa e me dei ao luxo de ter um aquário em meu gabinete, arcando com as despesas com ração, responsabilizando-me pela limpeza deste pequeno ambiente onde metemos os peixes e dando a mim mesmo a tarefa de acarinhá-los como devido. Todos os achavam coloridos e formosos e estavam sempre a elogiá-los. Certo dia, enquanto ensinava um colaborador a usar o sifão para drenar parte da água para sua devida substituição, perdemos um peixe com a sucção indevida, tendo-o enterrado na terra adubada do vaso de planta da senhora Rose – sito, aliás, à direita da mesa de canto de sua sala contígua à que era minha - quando ela estava ausente por esse motivo que eventualmente ocorre que é o de viajar a negócios. Agora que aquele já não me pertence como local de trabalho, dizem que não devo levar para meu lar mais certo o meu mais que posse aquário. Acolha minha contribuição animalesca, no entanto observe que darei a César o que é de César, mas o aquário ainda é meu por direito de contribuinte. (...)