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Mensagem n° 37: trata-se de simples desabafo a respeito de um complexo desafeto

Deveria ser aqui por dentro como era nos dias em que almejava que nossa amizade prosseguisse como procedem os bons planos, na mesma linha dourada que seguem os anos ditos de ouro de nossas vidas, digamos assim. Acho que seria melhor, em se tratando de uma amizade que o bem queria. Mas a ira me tomou de todo depois dos últimos acontecimentos. Se rias, ria eu também. Choravas, buscávamos um consolo juntos; em tese, havia de ser assim.* Mas agora que nos rendemos ao caprichosamente elaborado princípio mundial para erros sem-fim na esfera global, tu me feriste, eu me perdi e quase, na curta medida de uma curta quadra da tua rua, quase fui eu mesmo te ferir à navalha.
 
Lembrei – e isto me rendeu certa ociosidade entre ver-te e ir até ti com minha navalha - daquele bem de outrora, quando nele parecia prolongar para todo o sempre a nossa amizade. Porque distanciando-me dessa ideia, fui triste e a raiva se tornou a tal ponto incontrolável. Quis não ser como tu, nem como a criatura ofendida que se desiludiu**. Talvez se espere que haja dentro da garrafa jogada ao mar uma carta de amor. Mas não vem ao caso agora que me digo o dito cujo autor de um simples desabafo a respeito de um complexo desafeto. (...)

* Alegrai-vos com os que se alegram, e chorai com os que choram (Rom. 12:15)
** Frankenstein 


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