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Tive muito tempo para estar aqui, de modo que não pôde ser tão diferente disto: me acostumei ao local outrora odiado vez ou outra. Vez ou outra, era estranho. Como se aderisse à moda do uso do velcro e todos fechassem seus vestuários assim, quando ainda achasse zíper e botões uma tendência bastante provável, a alta aceitabilidade do que antes me fosse escancarado como o normal. Há muito havia tomado por certo que nada mudaria, como se minhas edificações imaginárias de um Universo se achatassem ou dilatassem conforme lembranças de minha infância feliz. Só há pouco tempo me concedi a dúvida quanto a isso, porque... porque de meus reinos imaginários saiu um prolongamento real, onde se instalou o 'Botão da Esperança'. 
 
Gostaria de voltar para onde a estranheza do mundo possa até tentar, mas não penetre os modestos compartimentos da pequena habitação. Mas não me tenha por ingênua ainda. Não é que vão mudar as coisas todas ou que no mundo dos velcros já aceitem botões. Quero cumprir o que tem sido chamado de aceitação e isso significa, até onde me caiba, ao menos considerar fazer algo da justa medida onde não me vai bem e ter o lugar para onde voltar quando me deva afastar do mau agouro e onde a dolina não mais ameace se concretizar. (...)


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