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Mensagem n° 20: o conselho

Para todos os efeitos, um dos muitos conselhos que foram dados aos viajantes noturnos - senhores que se supunham superiores ao pequeno rol de planos de vida engavetados pelos angelicais guardiões de diários pessoais da Rua Vinte - dizia respeito à sucessão de intrusos que, subservientes à vontade dos moradores incautos, nos conduziam, também aqueles, a acreditar num mote ou outro que nada tinha de singelo nem algo próximo da delicadeza de quem nos servisse prestimosamente um petit gâteu e nada faziam referência à cautela de praxe que à ocasião seria intimada a comparecer mesmo que com aparentes ardilezas que remontassem a serpentes nos modos de entrega da recomendação*.
Os notívagos que cantavam sobre a sua jornada infindável depararam-se com o eclipse efêmero. O fenômeno os deteve como se se tratasse de um tratado importante sendo elaborado ao vivo, como se as fontes fossem fidedignas, como se empiricamente os caminhantes desenhassem uma pesquisa científica a despeito da falta do papiro, dos papéis, dos lápis, das máquinas mágicas que surgissem no decorrer da história da tecnologia; na relatividade, o momento atual é histórico literalmente.
Por um breve instante, foi feito do certame um seguimento partidário em que duas vozes se confundiam em ideias aglutinadas e que se mostravam conclusivamente confusas. Quando pararam de marchar intramuros, a cidade já era dos intrusos apalermados. Os decerto heróis da noite lembraram-se das sentinelas da Vinte e para lá se dirigiram sem muito pensar, como se a memória não fosse dada a pregar peças. (...)

* "Que sejam  prudentes como uma serpente, símplices como as pombas." 


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