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Oi. Sei que não estive aqui antes. Mas depois de um tempo, eu me acostumo a colher das suas memórias e caminhar no carinho de um vento, na poeira de um filão comido antes que o jet ski te levasse para algum lugar muito divertido; ou desconhecido no que tivesse de ilusório, ou convertido ao desassossego dos sete tempos de um desencadear de pensamentos no mínimo argutos. Eu me levei para casa e você estava nesse lugar de muitas descrições possíveis, porque ignorado. Eu nunca havia estado em casa, não nesta. Me dizem o que pensar as suas memórias em forma de cadeira de balanço e cinco lenços chiques, cada um de uma cor. Gosto de saber que alguém esteve aqui quando eu nunca havia estado. Acho até que te faço companhia no chá quando sento desconfortável na banqueta e como do meu filão onde se mete uma salada com legume colorido e pós escuros condimentosos, e a minha poeira fica junto da sua. “Sozinho” é até preposicionado então. De vez em quando, é verdade, tenho a sensação de não estar mais sozinha de harmonização de opiniões e de pelo menos duas concordâncias em vinte minutos. (...)

 

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