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Blasfêmias e cacos de vidro têm nomes demais e são dados a palavrões.

Minha raiva não tem memória. É vazia do vazio aéreo dos copos vazios. O dia planejou esvaziar pensamentos. E o corpo envelopa um ato, um sentimento e um ser.

Todavia minha mente é um borrão.

Todavia me perdoo. A verdade é quieta. Te perdoo.

 

Repetidamente, eu poderia estar lá. Repetidas vezes, esse lugar de silêncio poderia ser meu. 

 

O tempo é uma máquina de tentáculos gentis, mas assustadores, grandes, que armazena suas próprias memórias de mim - e de meu descontentamento. 

Eu mesma não tenho memória; por ora, crianças cantam uma canção que, na falta de um nome, nomeio Perdão. (...)

 

Blasphemies and shards of glass have too many names and are given to oaths.

My anger has no memory. It is empty of the airy emptiness of empty glasses. The day planned to empty thoughts. And the body envelops an act, a feeling, and a being.

Yet my mind is a blur.

Yet I forgive myself. The truth is quiet. I forgive you. 

 

Again and again, I could be there. Time and again, this place of silence could be mine. 

 

Time is a machine of gentle but scary, big tentacles that stores its own memories of me - of my discontent. 

For now, I have no memory. 

Children sing a song. In the absense of a name, I name it Forgiveness. (...)