114

 

A maioria de nós já se esqueceu como era andar sem as bússolas do dia-a-dia mapas digitais dicas de moda receitas de vida plenamente perfeita a maioria de nós busca em segredo alguma faísca de algo perdido quando caminha pelas ruas de todos em secreto as bússolas se perdem não te cansam pela manhã o sol não está mais quente quente de aquecimento global aos poucos até o tempo para não tem hora marcada de repente tudo é infinito breve o mundo acaba não me canso de dizer que um tanto disso tudo é canseira também porque é esperada uma ação desde sempre o que uma pessoa faz define ao menos em parte o que ela é. Então, todo mundo quer fazer alguma coisa. E se não quer faz do mesmo jeito. Quem se cansa mais é o do segundo caso. E na verdade todo mundo é um pouco dos dois. 

 

Lenta e triste.

Essa de repente é a batida.

Que para o tempo.

Para depois ele poder continuar, 

suave.

 

Decerto isso não faz sentido a todos os dias em que não há tempo de fazer sentido. Terei possivelmente e por fim aprendido a não contar o tempo para contar como tudo correu ocorreu, ou de quando não estive eu mesma desbussolada em meio às bússolas. 

(...)